PCUV: a jornada de um projeto | José Finocchio Jr.
Entender a jornada de um projeto ajuda a entender melhor o seu conceito e também seus conceitos subjacentes. A jornada mostra como o projeto nasce, se forma, cresce, atinge apogeu e se encerra, mas continua gerando valor por meio do uso de seu produto.
A jornada também pode ser vista como cadeia de valor, que transcende nascimento e morte do projeto; ela começa antes e continua muito depois desses eventos. Os projetos surgem no início dessa cadeia na forma de problemas a serem resolvidos e progridem em fluxo, até o final da cadeia, no qual geram valor para as organizações que o promoveram.
Mais especificamente, a jornada atravessa quatro grandes campos, na seguinte sequência:
- O campo do PROBLEMA;
- O campo da CONSTRUÇÃO;
- O campo do USO;
- O campo do VALOR.
CAMPO PROBLEMA
Neste campo, existe desconforto com o estado das coisas - as pessoas estão olhando para a realidade, tentando formular seus problemas. Para formular o problema é preciso entender muito bem o que está acontecendo, ter pensamento crítico, perguntar por quê, e perguntar por quê novamente e assim sucessivamente até chegar ao cerne da questão.
Quando o problema é compreendido, é preciso escrevê-lo de uma maneira sintética e que seja facilmente comunicável em uma sentença-problema.
A sentença-problema não menciona a solução.
A solução é materializada por
um produto final entregue pelo projeto. |
CAMPO CONSTRUÇÃO
Neste campo, uma equipe vai aos poucos construindo componentes do produto, fazendo entregas intermediárias que serão integradas para compor o produto final. Normalmente, são líderes técnicos ou membros da equipe de projetos, que sabem decompor o produto final em entregas intermediárias menores e mais gerenciáveis.
É bastante comum que parte ou todo da construção das entregas do projeto sejam passados para empresas contratadas e que podem e devem ser consideradas equipe do mesmo projeto. Gosto de enxergar um projeto como uma equipe unificada, mesmo que existam muitas organizações diferentes a cargo de cada entrega.
Independentemente se são da mesma organização, os membros da equipe de projeto mantêm uma relação cliente-fornecedor entre si - as entregas produzidas por um membro da equipe serão usadas como entrada para que outro membro consiga produzir sua entrega, de maneira análoga à uma corrida de revezamento, continuando esse ciclo até que o produto final do projeto seja concluído.
Visualize o workflow de construção como uma corrida de revezamento. Quando o projeto terminar e o produto do projeto for lançado ele também será usado na forma de workflow, só que desta vez, por uma outra “tribo” no workflow de uso do produto. A desafiadora colaboração dessas duas tribos desponta como uma tendência emergente do gerenciamento de projetos.
Durante o projeto, a equipe constrói entregas.
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O projeto se encerra quando finalmente o produto produzido é aceito pelo cliente do projeto.
Esse marco é especial: significa o encerramento do projeto e o início da vida do produto na operação. Nesse ponto da jornada PCUV, encerra-se o Campo da Construção e começa o Campo do Uso.
CAMPO USO
No campo da jornada que denominei Campo do Uso, o produto já pronto será utilizado para realizar funções que agregam valor aos usuários.
Esse é um campo relevante na jornada do projeto pois é pelo entendimento do USO que definimos e organizamos os requisitos do produto, o item de planejamento mais desafiador do projeto.
As diversas funções presentes no produto e que agregam valor no processo de negócio do cliente são registradas na forma de requisitos.
O uso de produto pode e deve ser visto no formato de fluxo, nesse caso um processo de negócio. Organizar requisitos pela cadeia de valor dos usuários facilita o desafio.
O uso é melhor entendido como fluxo.
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Os requisitos precisam estar definidos antecipadamente à construção do produto. Na prática, isso quer dizer que quando escrevemos os requisitos, temos que IMAGINAR como será o uso, estabelecendo um bom diálogo com todos as pessoas ligadas ao uso do produto.
Existem práticas que facilitam essa conversa como por exemplo a elaboração de protótipos.
Podemos também diminuir o tamanho dos produtos para que o ciclo de feedback na jornada PCUV aconteça com mais facilidade.
Bons diálogos com usuários do produto
resultam em melhores requisitos. |
Não existe uma transição definida entre o uso e campo de valor. Sabe-se que o uso precede o valor mas o quanto estão espaçados no tempo depende de cada caso. O fluxo entre os dois é continuo não marcado por evento específico.
CAMPO VALOR
Nos meses e anos subsequentes à implantação, o produto começará a ser usado e trará transformações positivas na vida das partes interessadas (stakeholders).
Esse impacto positivo para os stakeholders são os benefícios do projeto, que devem ser medidos e comunicados numa prestação de conta.
Nos períodos subsequentes à implantação do projeto é preciso mensurar benefícios e prestar conta.
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Em qualquer projeto é importante não pensar em medir apenas benefícios financeiros, mas também sociais e ambientais.
Se o projeto trouxer transformações negativas, ou diminuição de valor em algum campo (financeiro, social ou ambiental) mesmo que de maneira não intencional, isso deve ser medido, abatido e prestado conta.
Mesmo quando um projeto gera benefícios intangíveis - clientes mais satisfeitos, por exemplo - deve-se fazer um esforço mental para mensurar, transformar em números esses benefícios. Afinal, o custo do projeto não foi intangível, não é mesmo?
Pense no planeta.
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